domingo, 23 de maio de 2010

Criadora de mitos, a Pop Art se mostra em São Paulo

Movimento que mudou as artes visuais no século XX inspirado pela cultura de massa
O nascimento desse movimento artístico, inicialmente britânico e americano, aconteceu na década de 1950, quando o crítico inglês Lawrence Alloway juntamente com um grupo de amigos, fundou o Independent Group. Eles utilizavam o que havia de mais novo em produção gráfica e artística em suas obras, e ficaram famosos pela exposição “This Is Tomorrow” em Londres. Foi nesse cenário que o termo Pop Art foi empregado pela primeira vez em 1954, Lawrence o utilizou para falar sobre os produtos de cultura de massa, principalmente os que vinham dos Estados Unidos.
A Pop Art também conhecida como Arte Popular começou a fazer a cabeça dos artistas da época. Muitos estudavam os símbolos, produtos e propagandas que eram produzidas para influenciar a vida cotidiana das pessoas e os utilizavam como tema para suas obras. Esta modalidade artística tinha o objetivo de criticar de forma irônica o modo como as pessoas eram bombardeadas com objetos de consumo.
Colorida, diversificada e massificada
Os artistas utilizavam diversos tipos de materiais para compor suas obras como, tinta acrílica, poliéster, látex, sempre com cores intensas, brilhantes e vibrantes, além de utilizarem técnicas como a serigrafia, colagem e uso de materiais descartáveis. A criatividade era o diferencial que eles tinham em relação aos artistas mais ortodoxos, aqueles que enxergavam o modo artístico antigo como doutrina verdadeira, porém a arte que era considerada de mau gosto virava moda.
Rafaela Serafim, estudante de Artes Plásticas da (UNESP) Universidade Estadual de São Paulo explica: “Acho que a principal contribuição da Pop Art foi a aproximação que fez da arte com a população, já que antes era um privilégio para poucos. Foi mostrar que elementos do cotidiano, que são considerados banais e passam despercebidos, são sim elementos artísticos, basta um novo olhar sobre eles.”
Os maiores artistas do movimento surgiram na década de 1960, entre eles está Roy Lichtenstein, que usava imagens de publicidade que sugeriam consumismo e o clichê das histórias em quadrinhos como forma de arte. Suas obras são extremamente críticas em relação à cultura de massa. Robert Rauschenberg também se destacou e foi considerado um vanguardista. Ele utilizava diversos materiais em suas obras, como garrafas de refrigerante, embalagens de produtos industrializados, tinta acrílica e silkscreen, para criar a mistura entre a pintura e a escultura.
Outro olhar sobre Warhol
Andrew Warhola é um dos maiores ícones no cenário da arte do século XX, o artista mais conhecido da pop art além de artista plástico e cineasta, esse norte americano revolucionou a arte dos Estados Unidos e do mundo. Filho de imigrantes tchecos, nasceu e cresceu em Pittsburgh. Em sua infância, Warhol sofreu da doença de Huntington, também conhecida por "Coreia de Huntington" uma doença do sistema nervoso que provoca movimentos involuntários das extremidades, tornou-se um hipocondríaco, desenvolvendo um medo de hospitais e médicos.
Por causa da doença se excluiu dos seus colegas de escola e ligou-se fortemente com sua mãe. Às vezes quando estava confinado, desenhava, ouvia rádio e colecionava imagens de estrelas de cinema ao redor de sua cama. Warhol depois descreveu esse período como muito importante no desenvolvimento da sua personalidade, do conjunto de suas habilidades e de suas preferências.
Formou-se em desenho industrial no Instituto de Tecnologia de Carnegie, hoje Universidade Carnegie Mellon, e logo se mudou para Nova York, onde trabalhou como ilustrador de importantes revistas, como Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker, além de fazer anúncios publicitários e displays para vitrines de lojas. Talvez dessa experiência surgiu a arte para cultura de massa. Começa aí sua carreira como artista gráfico, período em que ganhou diversos prêmios como diretor de arte do Art Director's Club e do The American Institute of Graphic Arts.
Artista multimídia
Sua primeira mostra individual aconteceu em 1952, na Hugo Gallery, onde exibiu quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote, famoso escritor americano conhecido pela obra literária “A Sangue Frio”. Esta série de trabalhos repercutiu em diversos lugares durante os anos 1950, inclusive o MOMA, Museu de Arte Moderna, em 1956. A partir daí, Andrew Warhola passa a assinar como Andy Warhol.
Nos anos 1960, na sua carreira de artista plástico passa a utilizar os motivos e conceitos da publicidade em suas obras, com uso de cores fortes e brilhantes e tintas acrílicas. Reinventou a pop art com temas do cotidiano e artigos de consumo como as sopas Campbell, garrafas de Coca-Cola, rostos de celebridades como Marilyn Monroe,Liz Taylor, Elvis Presley, Kennedy e Lennon. Rosa Rodrigues, doutora em Artes Plásticas com especialização em Artes Cênicas pela Faculdade Belas Artes enfatiza a glamorização dessas celebridades pelo fato que pelas obras de Warhol foram imortalizados. ”…eram imortalizados em obras de arte de um dos maiores artistas de sua época, pois mesmo hoje em dia quem conhece Andy conseqüentemente conhece Marilyn Monroe, Kennedy, Lennon entre outros.”
Em 1966 fez o filme The Chelsea Girls em seu próprio estúdio, o The Factory, expondo as principais características do cinema underground, com diálogos improvisados, imagens não editadas, enredo não-linear, alto erotismo e longa duração em torno de sete horas. Seu estúdio foi transformado em ponto de encontro de músicos e artistas, Warhol foi considerado um agitador cultural dos anos 60 e 70. O artista também foi editor de revistas e criou programas de TV.
Andy Warhol chega a São Paulo
Sob curadoria do escritor Philip Larratt-Smith, a mostra Andy Warhol - Mr. America teve inicio no dia 20 de março na Estação Pinacoteca, e fica na capital paulista até o dia 23 de maio. A mostra, que já passou por Bogotá, na Colômbia, e por Buenos Aires, na Argentina, centra-se no período entre 1961 e 1968, considerado a fase mais produtiva da trajetória do artista pop.
“A Pinacoteca tem programas de exposições temporárias muito fortes, uma das áreas que damos maior atenção é o das artes visuais do século XX. Portanto essa exposição do Andy Warhol faz parte desse ciclo. É um dos artistas fundamentais que contribuíram para a construção das artes visuais do século XX.” Disse Marcelo Mattos Araújo, Diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
As peças exploram temas da política e da cultura popular americana, entre os destaques, está a série de retratos de Jackie Kennedy (1964) e Marilyn Monroe (1967).
Durante a exposição, também será exibido um ciclo de filmes produzidos por Warhol em seu próprio estúdio, o The Factory. Entre os títulos exibidos estão "Empire" (1964) e "Blow Job" (1963).
Os 15 minutos de fama
Quem visita a exposição, por mais que nunca tenha ouvido falar em pop art consegue entender a importância do artista para o movimento. Camila Petroni, Historiadora e visitante da exposição afirma: “Adorei, foi mais do que eu esperava. Não sou tão fã de Pop Art e mesmo assim achei sensacional. Ele faz as pessoas pensarem um pouco a respeito de tudo que envolve a América. Por ser um artista renomado em sua arte, ele soube aproveitar o momento e ser oportunista.”
A mostra já atingiu um grande público e teve enorme repercussão na mídia, isso é resultado do impacto que Warhol tem, que extrapola o universo das artes visuais. Segundo Araújo, para o público brasileiro a possibilidade de ter acesso a essa produção é importante para usufruir e entender o papel da pop art nesse cenário tão fortemente marcado pelas linguagens visuais, que foi a pós-modernidade do final do século XX e do século XXI.
“In the future everyone will be famous for fifteen minutes” (No futuro todo mundo será famoso durante quinze minutos), a conhecida frase de Andy Warhol não se aplicou ao artista que ainda hoje é mundialmente célebre. Previu como a produção cultural se tornaria totalmente massificada, onde a arte é distribuída por meios de produção de massa. Em 1987 Andy Warhol foi operado da vesícula biliar. A operação correu bem, porém Warhol morreu no dia seguinte, mas sua arte permanece viva. Andy foi e continua sendo a figura mais conhecida e controvertida do Pop Art.

Desconstrução de Valerie Solanas
Feminista, fundadora e única membro da SCUM (Society for Cutting Up Men - Sociedade para Eliminar os Homens), Valerie Solanas teve uma vida conturbada, com uma mãe omissa e um pai que a abusava sexualmente ainda na infância. Bissexual assumida, embora sua preferência fosse as mulheres, viveu com homens e se prostituía para sobreviver.
Os caminhos de Warhol e Valerie se cruzaram no desespero da moça em encontrar um patrocinador para sua peça de teatro. Ela escrevia peças e artigos em que ridicularizava os homens e acreditava que as mulheres eram infinitamente superiores. Warhol dizia que não trabalhava com teatro e que o texto dela era sujo demais para ser encenado.
Em 1968 Valerie invadiu o estúdio de Warhol e o feriu com três tiros, mas o ataque não foi fatal e Warhol se recuperou, depois de se submeter a uma cirurgia. Esse acontecimento inspirou um filme chamado “I shot Andy Warhol”, (Eu atirei em Andy Warhol), dirigido por Mary Harron em 1996.

-Matéria feita para a Universidade,postada antes da correção!!
Pesquisadores- Moises Canton e Gisele Ribeiro
Pautera- Ludmilia Piatak
Repórteres- Aline Prado,Amanda Braga,Luiz Gustavo Ribeirão e Carla Cavalcante
Redatoras- Vanessa de Assis e Juliana Caldas

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